Mês de Maio. Os namorados
Como ingênuos passarinhos
Vão construindo seus ninhos
De sonhos fantasiados!

Alegre, a Infância delira…
A Mocidade transborda…
E nessa verde mentira
O mundo sorrindo acorda!

Em cada banco da praça,
Dois namorados a sós…
Em cada lábio – uma graça.
Em cada boca – uma voz.

Na carne branca dos lírios
Anda um cheiro diferente
Amenizando os martírios
Do coração dessa gente!

Correm nuvens pelo espaço
Como garças de cristal
Dançando ao som do compasso
Da lira do vendaval!

A neblina veste os montes,
Viça a rama, cresce a flor;
Trinam aves, choram fontes,
Canta a vida em pleno amor!

Em cada lábio – uma graça…
Em cada canto da terra
Estremece uma ilusão;
Suspira a brisa na serra,
Geme na praia o tufão!

A Virgem Santa Maria
Com os dedos por entre o véu
Tece os enxovais do dia
Com as linhas brancas do céu!

As horas passam de leve,
Maio a viver nos convida…
Mas nossa vida é tão breve
Que há poucos maios na vida!

Pernambuco, 1943.