Vasco Graça Moura

Portugal — Escritor/Poeta/Ensaísta/Tradutor/Político

3 Jan 1942 // 27 Abr 2014

13 Poemas

Page 1 of 2
  • Next

  • Poemas

    soneto do amor e da morte

    Vasco Graça Moura
    quando eu morrer murmura esta canção
    que escrevo para ti. quando eu morrer
    fica junto de mim, não queiras ver
    as aves pardas do anoitecer
    a revoar na minha solidão. …

    Leia mais


    lamento para a língua portuguesa

    Vasco Graça Moura
    não és mais do que as outras, mas és nossa,
    e crescemos em ti. nem se imagina
    que alguma vez uma outra língua possa
    pôr-te incolor, ou inodora, insossa,
    ser …

    Leia mais


    lâmpada votiva

    Vasco Graça Moura
    1. teve longa agonia a minha mãe

    teve longa agonia a minha mãe:
    seu ser tornou-se um puro sofrimento
    e a sua voz apenas um lamento
    sombrio e lancinante, mas …

    Leia mais


    blues da morte de amor

    Vasco Graça Moura
    já ninguém morre de amor, eu uma vez
    andei lá perto, estive mesmo quase,
    era um tempo de humores bem sacudidos,
    depressões sincopadas, bem graves, minha querida,
    mas afinal não …

    Leia mais


    insinceridade

    Vasco Graça Moura
    quis-nos aos dois enlaçados
    meu amor ao lusco-fusco
    mas sem saber o que busco:
    há poentes desolados
    e o vento às vezes é brusco

    nem o cheiro a maresia
    a …

    Leia mais


    o suporte da música

    Vasco Graça Moura
    o suporte da música pode ser a relação
    entre um homem e uma mulher, a pauta
    dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
    olhares encontrando-se, ou das suas

    vogais adivinhando-se …

    Leia mais


    as meninas

    Vasco Graça Moura
    as minhas filhas nadam. a mais nova
    leva nos braços bóias pequeninas,
    a outra dá um salto e põe à prova
    o corpo esguio, as longas pernas finas:

    entre risadas …

    Leia mais


    princípio do prazer

    Vasco Graça Moura
    à sua volta os pombos cor de lava
    nos arabescos pretos do basalto
    e gente, muita gente que passava
    e se detinha a olhá-la em sobressalto

    no seu olhar havia …

    Leia mais


    no obscuro desejo

    Vasco Graça Moura
    no obscuro desejo,
    no incerto silêncio,
    nos vagares repetidos,
    na súbita canção

    que nasce como a sombra
    do dia agonizante,
    quando empalidece
    o exterior das coisas,

    e quando não se …

    Leia mais


    espaço interior

    Vasco Graça Moura
    quando o poema
    são restos do naufrágio
    do espaço interior
    numa furtiva luz
    desesperada,

    resvalando até
    à superfície,
    lisa, firme, compacta,
    das coisas que todos
    os dias agarramos,

    quando
    o …

    Leia mais


    Page 1 of 2
  • Next