Este Seu Escasso Campo
Ricardo Reis
Este, seu ‘scasso campo ora lavrando,
Ora solene, olhando-o com a vista
De quem a um filho olha, goza incerto
A não-pensada vida.
Das fingidas fronteiras a mudança
O arado …
Ora solene, olhando-o com a vista
De quem a um filho olha, goza incerto
A não-pensada vida.
Das fingidas fronteiras a mudança
O arado …
Vossa Formosa Juventude
Ricardo Reis
Vossa formosa juventude leda,
Vossa felicidade pensativa,
Vosso modo de olhar a quem vos olha,
Vosso não conhecer-vos —
Tudo quanto vós sois, que vos semelha
À vida universal que …
Vossa felicidade pensativa,
Vosso modo de olhar a quem vos olha,
Vosso não conhecer-vos —
Tudo quanto vós sois, que vos semelha
À vida universal que …
A Vida Leve
Ricardo Reis
Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exatos
Basta para podermos
Achar a vida leve.
De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra …
Nas áleas largas dos jardins exatos
Basta para podermos
Achar a vida leve.
De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra …
Sereno Aguarda o Fim que Pouco Tarda
Ricardo Reis
Sereno aguarda o fim que pouco tarda.
Que é qualquer vida? Breves sóis e sono.
Quanto pensas emprega
Em não muito pensares.
Ao nauta o mar obscuro é a rota …
Que é qualquer vida? Breves sóis e sono.
Quanto pensas emprega
Em não muito pensares.
Ao nauta o mar obscuro é a rota …
Ninguém Vê o Deus que Conhece
Ricardo Reis
Ninguém, na vasta selva virgem
Do mundo inumerável, finalmente
Vê o Deus que conhece.
Só o que a brisa traz se ouve na brisa
O que pensamos, seja amor ou …
Do mundo inumerável, finalmente
Vê o Deus que conhece.
Só o que a brisa traz se ouve na brisa
O que pensamos, seja amor ou …
Sentinelas Absurdas, Vigilamos
Ricardo Reis
Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!
E a si não diz, não digas!
Sentinelas absurdas, vigilamos,
Ínscios dos contendentes.
Uns sob o frio, outros no ar brando, …
E a si não diz, não digas!
Sentinelas absurdas, vigilamos,
Ínscios dos contendentes.
Uns sob o frio, outros no ar brando, …
A Vida Mais Vil Antes que a Morte
Ricardo Reis
O sono é bom pois despertamos dele
Para saber que é bom. Se a morte é sono
Despertaremos dela;
Se não, e não é sono,
Conquanto em nós é nosso …
Para saber que é bom. Se a morte é sono
Despertaremos dela;
Se não, e não é sono,
Conquanto em nós é nosso …
Homem, um Corpo Choro!
Ricardo Reis
Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro,
Não 'stá quem eu amei. Olhar nem riso
Se escondem nesta leira.
Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!
Mãos apertei, …
Não 'stá quem eu amei. Olhar nem riso
Se escondem nesta leira.
Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!
Mãos apertei, …
A Nada Imploram Tuas Mãos já Coisas
Ricardo Reis
A nada imploram tuas mãos já coisas,
Nem convencem teus lábios já parados,
No abafo subterrâneo
Da úmida imposta terra.
Só talvez o sorriso com que amavas
Te embalsama remota, …
Nem convencem teus lábios já parados,
No abafo subterrâneo
Da úmida imposta terra.
Só talvez o sorriso com que amavas
Te embalsama remota, …
Porque me Negas o que te não Peço
Ricardo Reis
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se …
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se …