![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Como um sol de polpa escura
para levar à boca,
eis as mãos:
procuram-te desde o chão,
entre os veios do sono
e da memória procuram-te:
à vertigem do ar …
para levar à boca,
eis as mãos:
procuram-te desde o chão,
entre os veios do sono
e da memória procuram-te:
à vertigem do ar …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
O outono vem vindo, chegam melancolias,
cavam fundo no corpo,
instalam-se nas fendas; às vezes
por aí ficam com a chuva
apodrecendo;
ou então deixam marcas; as putas,
difíceis de …
cavam fundo no corpo,
instalam-se nas fendas; às vezes
por aí ficam com a chuva
apodrecendo;
ou então deixam marcas; as putas,
difíceis de …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Que posso eu fazer
senão beber-te os olhos
enquanto a noite
não cessa de crescer?
Repara como sou jovem,
como nada em mim
encontrou o seu cume,
como …
senão beber-te os olhos
enquanto a noite
não cessa de crescer?
Repara como sou jovem,
como nada em mim
encontrou o seu cume,
como …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui:
frescos, matinais, quase de orvalho,
de coração alegre e povoado.
Ponho nelas a minha boca, …
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui:
frescos, matinais, quase de orvalho,
de coração alegre e povoado.
Ponho nelas a minha boca, …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas, …
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas, …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
O outono
por assim dizer
pois era verão
forrado de agulhas
a cal
rumorosa
do sol dos cardos
sem outras mãos que lentas barcas
vai-se aproximando a água
a nudez …
por assim dizer
pois era verão
forrado de agulhas
a cal
rumorosa
do sol dos cardos
sem outras mãos que lentas barcas
vai-se aproximando a água
a nudez …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e …
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Nada
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
te dirão a palavra
Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da …
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
te dirão a palavra
Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Entre a folha branca e o gume do olhar
a boca envelhece
Sobre a palavra
a noite aproxima-se da chama
Assim se morre dizias tu
Assim se morre dizia o …
a boca envelhece
Sobre a palavra
a noite aproxima-se da chama
Assim se morre dizias tu
Assim se morre dizia o …
![Eugénio Andrade](/media/images/eugenio-andrade_Y4DBpY3.jpg)
Sim, eu conheço, eu amo ainda
esse rumor abrindo, luz molhada,
rosa branca. Não, não é solidão,
nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude …
esse rumor abrindo, luz molhada,
rosa branca. Não, não é solidão,
nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude …