
Ilusão do Suicídio
Ilusão do Suicídio
Desta janela de meu quarto triste,
Arrebatado de pavor e pena
Eu assisto à tristeza de uma cena
Que pouca gente, noutro quarto, assiste.
Nesse cassino que defronte existe,
(Onde a flor da virtude se envenena)
Uma pobre e cansada Madalena
Bebe nitrato — e de viver desiste.
Vejo-lhe as mãos a comprimir-lhe os seios
E ouço os gemidos lancinantes, feios
Que a dor arranca de seu peito fundo…
Maldizendo o destino e a pouca sorte,
Põe termo à vida — para ver se a morte
É menos triste do que foi seu mundo!
Santos, 22 08/1950.
Desta janela de meu quarto triste,
Arrebatado de pavor e pena
Eu assisto à tristeza de uma cena
Que pouca gente, noutro quarto, assiste.
Nesse cassino que defronte existe,
(Onde a flor da virtude se envenena)
Uma pobre e cansada Madalena
Bebe nitrato — e de viver desiste.
Vejo-lhe as mãos a comprimir-lhe os seios
E ouço os gemidos lancinantes, feios
Que a dor arranca de seu peito fundo…
Maldizendo o destino e a pouca sorte,
Põe termo à vida — para ver se a morte
É menos triste do que foi seu mundo!
Santos, 22 08/1950.