
Amor Sobre as Águas
Para o Amazonas que nasceu humano
Porque afinal é filho de um abraço!
Quintino Cunha
Vê bem que tarde linda no Amazonas!
O céu azul, as águas cor de prata…
O sol no teu cabelo — é um beijo de ouro,
A brisa ao meu ouvido — é uma sonata!
Parece que este rio noutros tempos
Foi poeta e sonhou... como hoje sonho!
De acorda mil cousas na minh’alma
Quando meus olhos no seu leito ponho!
Vão-se as águas correndo sem descanso,
E sempre mais e mais a encher-se o leito…
Também de amor passa uma igual corrente
No Amazonas imenso do meu peito!
Quantos sonhos que vão na alma do rio
Nesta tarde de luz, de amor, de festa!
Tu bem vês que ele beija, alucinado,
Os cabelos escuros da floresta!
E a selva milenar, de manto verde,
Aperta-o entre os braços, carinhosa…
Abraça-me também! Deixa que eu goze
Mil venturas de amor... como ele goza!
Tu não vês como o ramo estremecido
Beija o lábio das águas, junto aos ninhos?
Pois deixa-me beijar-te! Eu sou o ramo…
Tu és meu Amazonas de carinhos!...
Não vês a passarada em meio às flores
Num noivado de afetos e festejos?
Que gorjeios também não haveria
Na festa vesperal dos nossos beijos!
Tremes, acaso, por pedir-te afetos
Nas palavras de amor que te confio?
Tu não vês como o rio ama a floresta?...
Não vês como a floresta adora o rio?...
Senta aqui! Ouve bem: o amor, querida,
É o princípio de Deus — que tudo encerra!
“O Amazonas nasceu de um grande abraço”
Numa noite em que o céu desceu à terra!
Não te afastes, por Deus! Deita em meu braço!
A selva e o rio também são assim…
Eu não posso sentir esta grandeza
Sem ter um grande amor junto de mim!
Amazonas, 28/01/1948 — A bordo do “Rio-Mar”.
Porque afinal é filho de um abraço!
Quintino Cunha
Vê bem que tarde linda no Amazonas!
O céu azul, as águas cor de prata…
O sol no teu cabelo — é um beijo de ouro,
A brisa ao meu ouvido — é uma sonata!
Parece que este rio noutros tempos
Foi poeta e sonhou... como hoje sonho!
De acorda mil cousas na minh’alma
Quando meus olhos no seu leito ponho!
Vão-se as águas correndo sem descanso,
E sempre mais e mais a encher-se o leito…
Também de amor passa uma igual corrente
No Amazonas imenso do meu peito!
Quantos sonhos que vão na alma do rio
Nesta tarde de luz, de amor, de festa!
Tu bem vês que ele beija, alucinado,
Os cabelos escuros da floresta!
E a selva milenar, de manto verde,
Aperta-o entre os braços, carinhosa…
Abraça-me também! Deixa que eu goze
Mil venturas de amor... como ele goza!
Tu não vês como o ramo estremecido
Beija o lábio das águas, junto aos ninhos?
Pois deixa-me beijar-te! Eu sou o ramo…
Tu és meu Amazonas de carinhos!...
Não vês a passarada em meio às flores
Num noivado de afetos e festejos?
Que gorjeios também não haveria
Na festa vesperal dos nossos beijos!
Tremes, acaso, por pedir-te afetos
Nas palavras de amor que te confio?
Tu não vês como o rio ama a floresta?...
Não vês como a floresta adora o rio?...
Senta aqui! Ouve bem: o amor, querida,
É o princípio de Deus — que tudo encerra!
“O Amazonas nasceu de um grande abraço”
Numa noite em que o céu desceu à terra!
Não te afastes, por Deus! Deita em meu braço!
A selva e o rio também são assim…
Eu não posso sentir esta grandeza
Sem ter um grande amor junto de mim!
Amazonas, 28/01/1948 — A bordo do “Rio-Mar”.