Rogaciano Leite

A Minha Mãe

Rogaciano Leite
Eu nunca escrevi nada que falasse
Diretamente de Mamãe — que crime!
Porque nunca encontrei algo sublime
Que à minha santa Mãe se comparasse.

Tudo que vive, tudo quanto nasce,
Tudo que é belo e só bondade exprime
Não me oferece um termo com que mime
De minha Mãe a veneranda face.

E mesmo que um vocábulo eu achasse,
Era preciso transformá-lo em flores
E as flores todas transformar em prece,

Pra guardar entre súplicas e odores
Todas as preces que Mamãe rezasse,
Todas as frases que Mamãe dissesse!

Bauru — S. Paulo, 08/07/1950.